quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


                         
                             Está na Moda Estar na Moda
La há muito se foi o  tempo que coisas eram apenas coisas, coisas transformaram-se mais que simples coisas, o que era nada passou a ter o seu valor, o que não era produto  passou a ter preço no mercado negro ou branco, farrapos já não há, folhas abandonadas a suas sorte foram já arrancadas. Então pessoas, já não  são elas, evoluíram para o  pior, para a parte mais suja que existe dentro delas. Pessoas agora são outras pessoas, para não ficar para trás e ser esquecido todos entram na onda. A cada ano  que passa as modas e padrões de vida vão fortificando, tudo deve brilhar, presidentes ostentando fatos italianos de ultimo grito, viaturas de ultima edição, a quem ado o exemplo de identidade própria?
Esta na moda os pais darem tudo de bom e do melhor aos filhos, carteira recheada, cartão multibanco, viatura no quintal, a moda deixou de ser para objectos e vestuário, agora tomou conta das pessoas deste tempo. Fazer o curso que possa dar dinheiro, ter uma boa viatura, viver numa casa de luxo exacerbado; ninguem pensa em ter simplesmente o que necessita, queremos mais do que necessitamos, acumulando bens e tristesas, porque nao acumular felicidade, verdades,? E que com a verdade ninguém factura dinheiro  
Transformaram-se em almas sem corpo, caindo pelo passar do vento, como se fossem folhas de acácia amarela, eu agora sou ninguém, sem nome, sem perfil pessoal, nem pátria, tudo é global, globalização total, a moda de um é de todos, o país é de todos, partilhemos então o que é nosso. Tudo se esfumou. De manso carneiro virou lobo das montanhas, todos lutamos num reboliço sem fim, cada um quer ser tudo num só corpo  e cabeça,quer ser América, Brasil e Ásia, ninguém quer ser nada, diferente, cada um quer o melhor de tudo, ser melhor, o número um da lista, subir ao melhor pódio levando consigo a medalha de ouro; dançar a melhor valsa na companhia da musa mais bela e reluzente da noite.
Tudo ficou na moda da água para o vinho todos mudaram, noites de farra viraram moda estilo de vida e um bom exemplo a ser seguido-haja-se dignidade! A televisão com os melhores programas de entretenimento  ficou na moda também. Andar de mãos dadas com namoradas e em conversas íntimas todos caçaram-se, outros envergonham-se de tal, relações são frias e doentias, namorados apenas fazem sexo e compram presentes, já deixaram de ser amigos, relações de amizade e outras agora são um contratos de prestação de serviços e troca de favores com recompensas. De  noite sem lua à volta da fogueira, deu lugar a noites e madrugadas perdidas a volta de mesas nos bares da esquina e cervejarias; a palavra de ordem no momento e não sermos nos, é sermos outros, abrir as portas e fronteiras para ver se ganhamos alguns troféus ou algum trocado, vivendo de aparências e espelhos , que vão nos enganando, ainda se diz que o país e o mundo  estão a avançar, para um mundo melhor e mais capitalista. Teias de aranha encurtando nossas vidas e nossas mente.

Dia de Chuva


                               Dia de Chuva

A malta na carruagem da chuva
Jogam-se dias de calor ao forno
Água  em migalhas abandonadas na praça
Simplesmente flutuando
Palavras ficaram presas nas valas da mafalala

Nessa rua do Craveirinha
Onde brincam suas memórias
Charcos e fontes falando de miséria
Na chuva cantam-se momentos
Naufragados nessa Europa aos bocados
 Num olhar flácido, quero me afundar nesse dilúvio

Vontade de aqui  ficar já não mais
Afundar na apoteose infantil
Gotas flutuando nas misérias do meu bairro indígena
Nuvens pintando o céu aos bocados, cinzento
Brincam as escondidas o sol e o arco-íris
Tudo fica ali, nesse vazio de tranquilidade de corpos na rua
Desfilando, divagando a mirar água invadindo  casas

E agora vidas sequestradas, a terra cheira a lodo
O verde das mafurreiras nascendo no novo dia
Tudo é similar a primavera